?O solo retribui em dobro?, a experiência de um cooperado

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Precursor do cooperativismo em Pedrinhas Paulista, município de aproximadamente 3 mil habitantes - em sua grande maioria formado por filhos, netos e bisnetos de italianos, o produtor Andrea Vicentini, de 83 anos, assegura: o investimento que se faz no solo, ele retribui em dobro.

Em 1985 o produtor foi conhecer a rotação de culturas em Carambeí, no Paraná. Lá chegando, admirou-se ao constatar: num solo muito pobre, as famílias descendentes de holandeses conseguiam produzir mais que os produtores da terra roxa.

Mas, ao implantar o plantio direto em suas terras e começar a fazer rotação, Andrea ouviu críticas, pois as novidades, que representavam uma quebra de paradigma entre os vizinhos, causaram muita estranheza.  

?Mudar de mentalidade é algo muito difícil?, afirma Andrea que, sempre na vanguarda, em 1983 foi o primeiro agricultor em sua região a semear milho de inverno, cultura que, há quatro anos, deixou de cultivar na época fria, para apostar apenas no verão. Outra mudança que deu o que falar.

Em seus 180 alqueires, metade é destinada à soja e a outra metade ao milho verão, o que faz de forma rotacionada, deixando o inverno para investir na recuperação do solo e na formação de palhada.

?Eu faço a subsolagem com nabo forrageiro e o nivelamento com aveia preta?, explica o produtor, que aposta também no feijão guandu e no tremoço, entre outros cultivos. Dessa forma, além de estruturado física, química e biologicamente, o solo é descompactado e o resultado Andrea sente na maior produtividade das lavouras.

No ciclo passado (2021/22), sua média ficou ao redor de 180 sacas de soja por alqueire e de 430 sacas de milho. Numa área que cultiva em Echaporã, a 80 quilômetros, chegou a atingir 206 sacas de soja por alqueire, num talhão. ?Neste ano, as perspectivas são ainda melhores?, avalia.

Investir do solo é básico para Andrea. Num ano de muita chuva em Echaporã, conta, o solo bem cuidado absorveu toda a água, sem enxurradas, enquanto na mesma região os estragos foram visíveis em algumas propriedades. ?O que a gente faz para o solo ele retribui em dobro?, reitera, defendendo que o produtor não deve ser imediatista e pensar só no retorno financeiro. Mesmo assim, salienta que graças aos cuidados que há anos dispensa ao solo, está tendo mais rentabilidade do que antes.

Andrea, agora, está de olho na cultura da mamona para incluir no programa de rotação, levando em conta o agressivo sistema radicular que promove, entre outros benefícios, a descompactação do solo, sendo também uma opção para o controle de nematoides.

Com garantia de valor pré-fixado em contrato e comercialização, o produtor anunciou que vai fazer o plantio de 40 alqueires de mamona nessa segunda safra e cultivar 100% das áreas de Echaporã no próximo ano.

Atendido pelos engenheiros agrônomos Jonathas Tales Gomes Ferreira e Benedito Martins Cardoso Júnior, ambos da Cocamar de Cruzália, onde é associado e entrega sua produção, o produtor, que é nascido em Roma, decidiu deixar seu país aos 27 anos, graduado em contabilidade e ciências econômicas.

Na época, um documentário sobre o Brasil, exibido na TV, selou seu destino e ele emigrou em companhia da esposa Márcia. Lembra que optou por Pedrinhas Paulista, onde a Companhia Brasileira de Colonização e Imigração Italiana havia negociado terras com 28 famílias de produtores oriundos daquele país, em 1953.  

Graças aos seus conhecimentos como contador, trabalhou na reestruturação financeira dessa companhia, onde chegou a diretor e, em 1970, organizou a fundação de uma cooperativa local.

Muitas de suas memórias são detalhadas no livro ?Allegranza, uma aventura brasileira?, de sua autoria, editado em 2012 pela Segesta, de Curitiba.

Patrocinam o Rally: Basf, Fertilizantes Viridian, Sicredi Dexis e Nissan Bonsai Motors (principais), Cocamar Máquinas/John Deere, Texaco Lubrificantes, Estratégia Ambiental e Irrigação Cocamar.