Soja Baixo Carbono atesta produto brasileiro sustentável

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A Embrapa Soja e as empresas apoiadoras do Programa Soja Baixo Carbono (Bayer, Bunge, Cargill, Coamo, Cocamar, GDM e UPL) realizaram na terça-feira (11/4), durante a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, o 1º Fórum Soja Baixo Carbono com a finalidade de debater o panorama mundial e a conjuntura brasileira no contexto da agricultura de baixo carbono.

A Cocamar foi representada pelo gerente executivo técnico Renato Watanabe, que estava acompanhado do superintendente de Relação com o Cooperado, Leandro Cezar Teixeira, do gerente técnico Emerson Nunes, responsável pelo programa de Integração lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), e por Silvia Podolan, da cooperativa Coopsoli.

O evento reuniu aproximadamente 150 participantes, entre os quais várias lideranças do agronegócio, para promover intercâmbio de informações e discussões que colaborem com a sustentabilidade nos processos produtivos.

Após a abertura feita pelo chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, e do pronunciamento do secretário Norberto Ortigara, da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), o Fórum começou com uma palestra de Fabiana Villa, diretora do Departamento de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas e Indicações Geográficas, do Mapa. Fabiana abordou as oportunidades, as perspectivas e as tendências de produção no âmbito da agricultura de baixo carbono.

A programação técnica incluiu também uma palestra sobre o Programa Soja Baixo Carbono, proferida pelo pesquisador Henrique Debiasi. Ele descreveu os principais desafios técnicos encontrados no processo de inovação que engloba a construção da certificação da soja produzida em sistemas sustentáveis no Brasil.

Completando a agenda, um debate sobre "Sustentabilidade, inovação setorial e estratégia de negócio nas cadeias de valor: a visão das empresas sobre o Programa Soja Baixo Carbono", reuniu representantes das sete empresas apoiadoras do programa.

Nessa última etapa do evento, os participantes compartilharam as estratégias que vêm adotando em termos de sustentabilidade nos sistemas de produção, descreveram sua participação na construção de um protocolo de boas práticas agrícolas brasileiro e falaram ainda de que forma o Programa Soja Baixo Carbono poderá contribuir com os avanços de todos os elos da cadeia produtiva da soja. A moderação ficou a cargo de Giovani Ferreira, jornalista e diretor de conteúdo do Canal Rural.

Garantir acesso a pequenos e médios

De acordo com o gerente executivo técnico da Cocamar, Renato Watanabe, ?o principal papel da cooperativa é assegurar o acesso de pequenos e médios produtores a oportunidades como essa?. Na visão dele, o pagamento por serviços ambientais na agricultura é uma forma de reconhecer o trabalho de produtores que adotam as melhores práticas conservacionistas.

?Cada vez mais, a longa cadeia do agronegócio é cobrada por produzir mais em quantidade e qualidade, otimizando o uso de recursos naturais no processo produtivo. Dessa forma, temos de um lado os produtores que merecem reconhecimento pelas boas práticas que adotam, e de outro lado os consumidores que querem saber a história por trás do seu alimento. Nossa expectativa é que Programa Soja Baixo Carbono possa ser esse elo?, disse o gerente executivo técnico da Cocamar.  

Completando, Watanabe destacou: ?Com transparência e credibilidade necessária, junto com o grupo queremos, cada vez mais, reconhecer e incentivar, a adoção de práticas que aumentem a produtividade e tragam ganhos ambientais. Queremos também trazer tranquilidade aos consumidores de que a agricultura tropical é sustentável e conduzida por agricultores responsáveis?.

Entrando na fase de proposição

Conforme informou o chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, o Programa Soja Baixo Carbono está avançando para a fase de proposição das diretrizes do protocolo que irá atestar a sustentabilidade da produção de soja brasileira, por meio da concessão do selo Soja Baixo Carbono (SBC) a sistemas de produção de soja que adotem tecnologias e práticas agrícolas que reduzam a intensidade de emissão de gases de efeito estufa (GEEs). Ainda no primeiro semestre de 2023 serão concluídas as diretrizes da metodologia que começará a ser validada na safra 2023/24 e continuará nesse processo por mais duas safras.

O Programa finalizou, em março de 2023, a série de oficinas técnicas internas com o envolvimento de, aproximadamente, 70 especialistas de 15 Unidades da Embrapa, onde foram levantados temas relevantes e os desafios técnicos para a construção das diretrizes técnicas do programa. Também foram realizadas oficinas com as empresas-apoiadoras, visando identificar questões de mercado e de oportunidades para produtos soja baixo carbono. Com base nessas informações mapeadas, o programa entra agora na fase de definição das diretrizes técnicas e, no início do segundo semestre de 2023, inicia-se o processo de validação a campo do protocolo.

Na avaliação do superintendente de Relação com o Cooperado da Cocamar, Leandro Cezar Teixeira, ?o Fórum foi muito positivo, pois todos os elos mais relevantes da cadeia estavam juntos, capitaneados pela Embrapa, que tem o domínio do processo tecnológico?, frisando ainda que agora vêm os ajustes para fazer o programa acontecer e o produtor aderir.

O plantio direto, menciona Leandro, é um dos pilares para isso e parte dos produtores acaba deixando esse sistema de lado. ?Então, temos muito a melhorar e só com o plantio direto bem feito há um avanço enorme, assim como no manejo de solo com um todo. O produtor tem um ganho enorme, inclusive em produtividade, sem falar da maior disponibilidade de água no solo, do melhor aproveitamento de nutrientes, enfim?.


Selo deve garantir benefícios

De acordo com o pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja, a metodologia está focada na possibilidade de pagamento de serviços ambientais que poderão ser obtidas com eventuais bonificações advindos do selo SBC, financiamentos com taxas de juros mais atrativas, entre outros benefícios. ?As mesmas práticas que reduzem as emissões de GEEs são as práticas que aumentam a produtividade e reduzem os custos, o que mostra que o produtor terá ganhos consequentemente?, destaca Debiasi. ?O desafio técnico é que o custo de implantação seja compatível com benefícios. E que possamos atender as demandas de sustentabilidade do mercado?, declara.


Do ponto de vista da pesquisa, Debiasi destaca que outro desafio está relacionado ao fato da metodologia não ser apenas de verificação de conformidade - certificar que o produtor utilize boas práticas agrícolas - mas estabelecer parâmetros para comparar as áreas candidatas com o modal da região. ?Outro desafio da metodologia é possibilitar que essas áreas sejam auditáveis, ou seja, demonstrem em números, de fato, o que é declarado em termos de redução das emissões?, diz.